A sigla PIIGS é utilizada pejorativamente para designar um conjunto de
países (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha) cujo desempenho económico
não é considerado meritório, sobretudo nas últimas décadas. Apesar da pretensa
falta de mérito, serão os PIIGS todos iguais? Para responder a esta questão,
proponho-me analisar um conjunto de indicadores económicos e sociais e
compará-los entre os diferentes países.
Produtividade e poder de
compra
O PIB fornece
importantes informações sobre a capacidade produtiva ou a eficiência produtiva per capita da população de cada país.
Através do
gráfico da figura 1, pode-se observar que o país com valor mais elevado de PIB per capita em 2011 é a Irlanda (35,400€)
e, por outro lado, que o país com valor mais baixo é Portugal (16,000€), separados
por uma diferença de 19,400€ no ano em referência.
No período em análise – 2009 a 2011 –, a Itália
revelou um PIB crescente e a Grécia, pelo contrário, decrescente.
O Índice
Harmonizado de Preços no Consumidor (IPHC) permite medir a variação média do
poder de compra dos consumidores.
Apesar de,
no período em análise, a maioria dos países não ter revelado uma tendência
crescente em termos de PIB, todos eles (excepto a Irlanda) verificaram
variações crescentes em termos de poder de compra, (figura 2). O alcance da
melhoria do nível de vida, proporcionado pelo aumento do poder de compra
(mantendo-se o resto constante), não foi acompanhado, na maioria dos casos, por
um aumento do PIB.
Desemprego
O fenómeno do desemprego tem sido uma preocupação crescente nos PIIGS.
Entre eles, a Espanha é o caso mais expressivo, tendo registado, em Agosto de
2012, uma taxa de desemprego de 25,1%, mais 2,6% que em Setembro do ano
anterior. Ainda assim, a Grécia segue-a de perto, com 24,4% da população ativa
desempregada e verificando a maior variação em relação ao período anterior
(5,5%).
Por
outro lado, a Itália é o país cuja taxa de desemprego foi mais baixa (10,7% em
Agosto de 2012).
Endividamento público
“Quando as nossas finanças
estão desequilibradas, podemos fazer três coisas: aumentamos rendimentos e/ou diminuímos
despesas e/ou pedimos dinheiro emprestado para tentarmos manter o nível de
vida. (...) Uma lógica semelhante aplica-se aos países.” (Portugal na Hora da Verdade, Álvaro Santos Pereira).
Porém, o desequilíbrio que já se verificava em 2001, sendo as despesas
públicas superiores às receitas, não foi resolvido, antes se agravou
dramaticamente.
Em 2011, verificamos que a Grécia é o país mais endividado em 165,3% do
PIB. A Espanha, apesar de ser o menos endividado, regista um valor acima dos
50% do PIB (68,5%).
Qualquer dos países em
análise verificou um aumento no endividamento público entre 2001 e 2011. Irlanda,
Portugal e Grécia foram os países cujas dívidas mais aumentaram, tendo
triplicado no caso irlandês e duplicado no caso português.
Os
PIIGS estão, economicamente, pouco saudáveis.
Portugal é o menos produtivo per
capita, tem a terceira taxa de desemprego mais alta e registou um aumento
significativo em termos de dívida pública.
Itália, apesar da menor taxa de desemprego, ocupa a segunda posição em
termos de endividamento em 2011.
Irlanda destaca-se positivamente em termos de PIB per capita, mas revelou um aumento muito expressivo no
endividamento público.
Grécia é considerada a situação mais grave, sobretudo pela alarmante
dívida pública que regista.
Espanha destaca-se negativamente em termos de desemprego.
O comportamento das cinco economias varia consoante a rubrica em
análise, mas, no conjunto, atravessam situações semelhantes de recessão
económica, tendo, alguns deles, necessitado já de recorrer a ajuda financeira
internacional.
Em síntese, apesar de
nem sempre serem coincidentes, quer os indicadores socioeconómicos, quer a sua
intensidade, a verdade é que os PIIGS caminham lado a lado.