domingo, 9 de fevereiro de 2014

O reconhecimento e o altruísmo

Rostos, palavras, momentos. Lembramo-nos dos que sobressaem. Pelo carisma ou pela beleza, pela confiança ou pelos actos, por tudo o que nos dizem a seu propósito. 
Acredito no carisma, na beleza, na confiança e nos actos... E no timing. E na sorte.
Não duvido da capacidade para conjugar todos eles - ou, até, às vezes, apenas alguns bastem.
Aprecio a convicção que conquista perante os holofotes do reconhecimento.
Questiono quantos caminharam a seu lado, mas com o altruísmo no bolso; quantos seres foram excepcionalmente bons nesse mesmo caminho, mas não o quiseram revelar por terem o altruísmo no bolso. 
Conhecerá o mundo as melhores pessoas que por ele passaram?

domingo, 2 de junho de 2013

És um em sete bilhões. És especial.


Neste mundo, cada um de nós é um. Um ser, apenas. Um pequeno e insignificante ser, perante a imensidão e o poder dos Homens... perante a imensidão e o poder da natureza... perante a imensidão e o poder do desconhecido...
Irremediavelmente, não há um ser igual ao outro. O que nos distingue constitui o que de mais incrível existe no mundo: um mar de particularidades, de interesses, de pensamentos, de ideias e de sonhos.
A grande diferença reside na forma como lidamos com o que temos ao nosso alcance. Podemos ser só corpos ou ser corpos com alma.
Se, perante a maravilha da multiplicidade, escolhermos pensar, ser e agir como a maioria dos seres, acredito que tenhamos a vida simplificada, porque aparecerá sempre alguém para defender o grupo de escassas minorias que ousem refutar as suas ideias. É cómodo. É fácil, sobretudo. Porém, é um desperdício de talento.
A vida é curta demais para escolhermos ignorar aquilo em que acreditamos. Caminhar contra ventos fortes é um desafio que vale a pena experimentar. O crescimento e o progresso nunca resultaram da facilidade nem do pensamento meramente reproduzido.
Que sabor tem vencer sem paixão? Prefiro falhar com paixão. Só assim, um dia, conheceremos o verdadeiro sabor da conquista.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Ainda o Acordo Ortográfico...



         O assunto Acordo Ortográfico (A.O.) tem dado origem a muitas discussões e polémicas. De facto, trata-se de um tema bastante controverso, que tem inquietado muitos, por diferentes razões.
De um lado, estão os que o defendem, alegando que facilitará a aprendizagem da língua portuguesa numa perspectiva internacional, que fortalecerá a importância do português no estabelecimento de relações com o exterior, nomeadamente em termos económicos e comerciais, e que poderá, ainda, ajudar os alunos que têm dificuldades na escrita e que vêem, por essa razão, o seu rendimento escolar comprometido.
Em oposição, os defensores da antiga grafia argumentam que continua a não existir unificação, uma vez que há palavras que subsistem a escrever-se de formas distintas dentro da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), que o Acordo não é meramente ortográfico, sendo também fonético nalgumas situações (exemplificando o caso de “espectadores” versus “espetadores”), que países cujas línguas têm importância internacional, como o inglês ou o francês, não precisaram de unificações ortográficas para garantirem esse estatuto e que os custos implicados não são conscientes e adequados face à conjuntura económica atual.
Do meu ponto de vista, se é verdade que o A.O. proporcionou algumas mudanças importantes e necessárias, o oposto também é válido. Concordo, por isso, com a evolução natural da língua, mas discordo do Acordo. Há palavras que, de facto, mereciam uma nova grafia, nomeadamente a queda de muitas das consoantes mudas (escrevi “muitas”, não “todas”!). No entanto, há casos com os quais não consigo concordar e que contrariam o processo natural de evolução. Discordo, especialmente, quando as novas regras de ortografia comprometem a fonética (por exemplo, o famoso caso de “pára”, que, agora, se escreve “para”, ou as formas verbais no pretérito que deixam de ser acentuadas e passam a ser escritas da mesma maneira que a forma verbal no presente – “gostámos” versus “gostamos”, por exemplo –, entre outros casos menos felizes).
O que considero deveras infeliz é a série televisiva “Equador”, baseada na obra de Miguel Sousa Tavares, realizada por actores portugueses e transmitida em Portugal em 2008, ter sido dobrada, no Brasil, em 2011, para ser transmitida na TV Brasil. Mas nós não dobrámos a “Gabriela”...
O português de Gil Vicente é muito diferente do de Camões, do de Eça e do atual. No entanto, não houve quaisquer acordos para permitir essa evolução. Não precisávamos do pretexto de um Acordo Ortográfico para desenvolvermos mudanças importantes na escrita. Aliás, se não tivesse sido assim, provavelmente este trabalho estaria bem melhor conseguido, porque o propósito seria a evolução, tão simples quanto ela é. Assim, complicámos, cometemos erros e caminhámos no sentido de ignorar a etimologia, que é a identidade da língua.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Serão os PIIGS todos iguais?



A sigla PIIGS é utilizada pejorativamente para designar um conjunto de países (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha) cujo desempenho económico não é considerado meritório, sobretudo nas últimas décadas. Apesar da pretensa falta de mérito, serão os PIIGS todos iguais? Para responder a esta questão, proponho-me analisar um conjunto de indicadores económicos e sociais e compará-los entre os diferentes países.

Produtividade e poder de compra
O PIB fornece importantes informações sobre a capacidade produtiva ou a eficiência produtiva per capita da população de cada país.
Através do gráfico da figura 1, pode-se observar que o país com valor mais elevado de PIB per capita em 2011 é a Irlanda (35,400€) e, por outro lado, que o país com valor mais baixo é Portugal (16,000€), separados por uma diferença de 19,400€ no ano em referência.
No período em análise – 2009 a 2011 –, a Itália revelou um PIB crescente e a Grécia, pelo contrário, decrescente.



O Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IPHC) permite medir a variação média do poder de compra dos consumidores.
Apesar de, no período em análise, a maioria dos países não ter revelado uma tendência crescente em termos de PIB, todos eles (excepto a Irlanda) verificaram variações crescentes em termos de poder de compra, (figura 2). O alcance da melhoria do nível de vida, proporcionado pelo aumento do poder de compra (mantendo-se o resto constante), não foi acompanhado, na maioria dos casos, por um aumento do PIB.



Desemprego
O fenómeno do desemprego tem sido uma preocupação crescente nos PIIGS. Entre eles, a Espanha é o caso mais expressivo, tendo registado, em Agosto de 2012, uma taxa de desemprego de 25,1%, mais 2,6% que em Setembro do ano anterior. Ainda assim, a Grécia segue-a de perto, com 24,4% da população ativa desempregada e verificando a maior variação em relação ao período anterior (5,5%).
Por outro lado, a Itália é o país cuja taxa de desemprego foi mais baixa (10,7% em Agosto de 2012).



Endividamento público
“Quando as nossas finanças estão desequilibradas, podemos fazer três coisas: aumentamos rendimentos e/ou diminuímos despesas e/ou pedimos dinheiro emprestado para tentarmos manter o nível de vida. (...) Uma lógica semelhante aplica-se aos países.” (Portugal na Hora da Verdade, Álvaro Santos Pereira).
Porém, o desequilíbrio que já se verificava em 2001, sendo as despesas públicas superiores às receitas, não foi resolvido, antes se agravou dramaticamente.
Em 2011, verificamos que a Grécia é o país mais endividado em 165,3% do PIB. A Espanha, apesar de ser o menos endividado, regista um valor acima dos 50% do PIB (68,5%).
Qualquer dos países em análise verificou um aumento no endividamento público entre 2001 e 2011. Irlanda, Portugal e Grécia foram os países cujas dívidas mais aumentaram, tendo triplicado no caso irlandês e duplicado no caso português.



Os PIIGS estão, economicamente, pouco saudáveis.
Portugal é o menos produtivo per capita, tem a terceira taxa de desemprego mais alta e registou um aumento significativo em termos de dívida pública.
Itália, apesar da menor taxa de desemprego, ocupa a segunda posição em termos de endividamento em 2011.
Irlanda destaca-se positivamente em termos de PIB per capita, mas revelou um aumento muito expressivo no endividamento público.
Grécia é considerada a situação mais grave, sobretudo pela alarmante dívida pública que regista.
Espanha destaca-se negativamente em termos de desemprego.
O comportamento das cinco economias varia consoante a rubrica em análise, mas, no conjunto, atravessam situações semelhantes de recessão económica, tendo, alguns deles, necessitado já de recorrer a ajuda financeira internacional.
Em síntese, apesar de nem sempre serem coincidentes, quer os indicadores socioeconómicos, quer a sua intensidade, a verdade é que os PIIGS caminham lado a lado.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Mudar o mundo

Aquilo que o mundo é, é aquilo que nós somos.
Se sonharmos, o mundo sonha...
Se lutarmos, o mundo luta...
Se quisermos, se voltarmos a querer e desejarmos com realmente muita força, conseguimos, vencemos... e o mundo vence.
Sonha! Acredita! Luta! Vence!

"Nada é impossível até ser feito."


quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Ter vida ou não ter: eis a questão

Pasmo perante os fanaticamente pacíficos, que calam o que sentem e o que os revolta. Observam, ouvem e acatam como meros espectadores da própria vida, em vez de protagonistas. Talvez nem saibam por que vivem. Permanecem, somente, porque o coração bate e isso é-lhes motivo de sobra.
Como pode alguém "viver" assim?! Nem sei se lhe devo chamar vida, se morte. Uma morte profunda de espírito, de personalidade, de existência. Uma prisão de inteligência, que jamais se solta. (Tenho arrepios só de pensar...)
Qualquer um está sujeito a ser assim. Não queiramos ser qualquer um.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Um dia foi diferente

Um dia foi diferente. Com toda a magia e espontaneidade.
Só lamento que tenha sido a diferença, que não seja o comum da vida. Só lamento que só lamentem. Apenas. Sem tentar fazer diferente. Sem tentar mudar o mundo.
Só lamento que se limitem a afirmar que "mudar o mundo é impossível". Lamento e recuso. Não basta querermos; é preciso que a alma beba essa vontade. É preciso viver; não somente sobreviver. Ser-se digno.
Só lamento a falta de alma dos mortais.